28/05/2021

DIÁRIO DE BORDO 2021 - I

‘Stávamos em plena viagem.

Era 2021.

Um alvoroço tomava conta de todo o mundo.

Uma doença havia se espalhado pelo universo Terra, a partir de um vírus originado em uma região chamada China, uma imponente figura que aumentava seu arco de domínio e despontava como o grande dragão que tentava conquistar a humanidade.

No princípio, havia uma luz de esperança. Todos acreditavam que o vírus seria contido nas cercanias do local do escape.

Não foi. E foi exportado pelos noticiários. Depois, pela dinâmica das relações.

O espalhamento da infecção entre os habitantes do planeta Terra modificou o comportamento da população.

Para evitar a transmissão do vírus, os contatos entre seres humanos foram evitados, alterando as relações entre as pessoas. Muitos governantes obrigaram seus habitantes a não sair de casa, sob o pretexto de não contribuir para a potencial distribuição do vírus, uma vez que o processo de transmissão se dava pela inspiração/respiração.

Por outro lado, em meio ao cenário pandêmico, muitos cientistas em vários lugares do mundo recorreram aos arquivos de suas matrix e rapidamente criaram antídotos para combater o vírus.

Todas as tribos pleiteavam o antídoto para sua defesa, não sendo possível adquiri-lo pelos meios tradicionais de compra e venda. Os detentores do remédio usaram de protocolo paralelo para negociar o produto e o ofereciam de forma repetida aos interessados espalhados por todo o planeta. Em alguns lugares ele abundava, em outros era escasso. Logo começou uma disputa feroz pelo antídoto, utilizando-se de frentes diversas de contrabando, roubo, chantagem, extorsão e manipulação.

A indústria farmacêutica diminuiu a produção do produto para inflacioná-lo e, depois disso, a cada ano alterava a composição da fórmula para atender uma nova demanda de infecção, provocada pela constante mutação do vírus.

Em meio à situação, foi descoberto um mecanismo de alimentação e retroalimentação do caos, em que um laboratório clandestino liberava aleatoriamente vírus produzidos na sua incubadora e uma indústria farmacêutica comprava desse laboratório o antídoto, que era criado para combater o vírus despejado no mundo.

Mais tarde, seria descoberto que tais antídotos eram eficientes num período próximo à recém introdução dele no organismo; depois, o antídoto perdia a eficiência e atuava no cérebro do indivíduo, tornando-o imune à realidade. Tal descoberta ocorreu a partir de estudos realizados num centro de pesquisa de um país chamado Índia, o novo fomentador do mercado global. Quanto ao efeito colateral do descolamento da realidade, mais tarde foi confirmado por centros de pesquisa psicossociais que o fator deflagrador desse fenômeno eram os noticiários. Assim, estabeleceu-se que a combinação vírus+noticiário+mídia+comentários+predisposição era o motivo da humanidade sofrer de fuga da realidade.

Ante a insistência mundial por política de combate ao vírus, a Organização das Nações Unidas (nessa época, existia um organismo chamado ONU), convocou os países resistentes a se organizarem num protocolo intitulado Plano de Trabalho Conjunto para Combate à Pandemia e Estabilização da Humanidade (PTCCPEH), a partir dos profissionais de saúde sobreviventes.

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