‘Stávamos em plena viagem.
Era 2021.
Um alvoroço tomava conta
de todo o mundo.
Uma doença havia se
espalhado pelo universo Terra, a partir de um vírus originado em uma região chamada
China, uma imponente figura que aumentava seu arco de domínio e despontava como o grande
dragão que tentava conquistar a humanidade.
No princípio, havia uma
luz de esperança. Todos acreditavam que o vírus seria contido nas cercanias do
local do escape.
Não foi. E foi exportado pelos
noticiários. Depois, pela dinâmica das relações.
O espalhamento da infecção
entre os habitantes do planeta Terra modificou o comportamento da população.
Para evitar a transmissão
do vírus, os contatos entre seres humanos foram evitados, alterando as relações
entre as pessoas. Muitos governantes obrigaram seus habitantes a não sair de
casa, sob o pretexto de não contribuir para a potencial distribuição do vírus,
uma vez que o processo de transmissão se dava pela inspiração/respiração.
Por outro lado, em meio ao
cenário pandêmico, muitos cientistas em vários lugares do mundo recorreram aos arquivos
de suas matrix e rapidamente criaram antídotos para combater o vírus.
Todas as tribos pleiteavam
o antídoto para sua defesa, não sendo possível adquiri-lo pelos meios tradicionais
de compra e venda. Os detentores do remédio usaram de protocolo paralelo para
negociar o produto e o ofereciam de forma repetida aos interessados espalhados
por todo o planeta. Em alguns lugares ele abundava, em outros era escasso. Logo
começou uma disputa feroz pelo antídoto, utilizando-se de frentes diversas de
contrabando, roubo, chantagem, extorsão e manipulação.
A indústria farmacêutica diminuiu
a produção do produto para inflacioná-lo e, depois disso, a cada ano alterava a
composição da fórmula para atender uma nova demanda de infecção, provocada pela
constante mutação do vírus.
Em meio à situação, foi
descoberto um mecanismo de alimentação e retroalimentação do caos, em que um
laboratório clandestino liberava aleatoriamente vírus produzidos na sua
incubadora e uma indústria farmacêutica comprava desse laboratório o antídoto,
que era criado para combater o vírus despejado no mundo.
Mais tarde, seria
descoberto que tais antídotos eram eficientes num período próximo à recém introdução
dele no organismo; depois, o antídoto perdia a eficiência e atuava no cérebro
do indivíduo, tornando-o imune à realidade. Tal descoberta ocorreu a partir de
estudos realizados num centro de pesquisa de um país chamado Índia, o novo fomentador
do mercado global. Quanto ao efeito colateral do descolamento da realidade,
mais tarde foi confirmado por centros de pesquisa psicossociais que o fator
deflagrador desse fenômeno eram os noticiários. Assim, estabeleceu-se que a combinação
vírus+noticiário+mídia+comentários+predisposição era o motivo da humanidade sofrer
de fuga da realidade.
Ante a insistência mundial
por política de combate ao vírus, a Organização das Nações Unidas (nessa época,
existia um organismo chamado ONU), convocou os países resistentes a se organizarem
num protocolo intitulado Plano de Trabalho Conjunto para Combate à Pandemia e Estabilização
da Humanidade (PTCCPEH), a partir dos profissionais de saúde sobreviventes.
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